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TDAH - Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade ou DDA
O Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de
causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente
acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA
(Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD
ou de AD/HD.
O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais
comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados.
Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em
que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o
indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais
brandos.
Quais
são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza
por uma combinação de dois tipos de sintomas:
1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em
geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais
crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas",
"vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e
com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não
param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de
hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de
comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Em adultos, ocorrem problemas de
desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são
muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem
mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam
os carros na
frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e
quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles
têm uma grande freqüência de outros problemas
associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais
são as causas do TDAH?
Estudos científicos
mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas
conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais
desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é
responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir
comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória,
autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar
alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e
noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos
neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
A) Hereditariedade:
Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em
si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi
suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de
portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com
TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral
(isto é chamado de recorrência familial).
Porém, como em qualquer
transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser
devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar
de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por
ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes.
Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a
uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de
estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de
genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados
comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando
se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles
mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos
comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos),
quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de
semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética),
se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos,
a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são
iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja,
quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a
influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH
mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz
"concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de
concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem
do TDAH.
A partir dos dados
destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a
procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH,
como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais,
nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou
influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição
genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para
várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe,
ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto,
genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em
alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si,
somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de
depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose
Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas
nos familiares de portadores
de TDAH.
Sintomas em crianças e
adolescentes
As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas. Freqüentemente têm apelido de "bicho
carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade pré-escolar, estas crianças
mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo ambiente, mexendo em vários
objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos, não
param quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair de
sala ou da mesa de jantar.
Elas têm dificuldades para manter atenção em atividades muito longas,
repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são facilmente
distraídas por estímulos do ambiente externo, mas também se distraem com
pensamentos "internos", isto é, vivem "voando". Nas
provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos,
etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória,
elas em geral são tidas como "esquecidas": esquecem recados ou
material escolar, aquilo que estudaram na véspera da prova, etc. (o
"esquecimento" é uma das principais queixas dos pais). Quando elas
se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer
mais tranqüilas. Isto ocorre porque os centros de
prazer no cérebro são ativados e conseguem dar um "reforço" no
centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais.
O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não
exclui o diagnóstico de TDAH. É claro que não fazemos coisas interessantes ou
estimulantes desde a hora que acordamos até a hora em que vamos dormir: os
portadores de TDAH vão ter muitas dificuldades em manter a atenção em um
monte de coisas.
Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem
os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente
também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem
ou precisam fazer.
Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade
intelectual. O TDAH não se associa necessariamente a dificuldades na vida
escolar, embora esta seja uma queixa freqüente de
pais e professores. É mais comum que os problemas na escola sejam de
comportamento que de rendimento (notas).
Um aspecto importante: as meninas têm menos sintomas de
hiperatividade-impulsividade que os meninos (embora sejam igualmente
desatentas), o que fez com que se acreditasse que o TDAH só ocorresse no sexo
masculino. Como as meninas não incomodam tanto, eram menos encaminhadas para
diagnóstico e tratamento médicos.
Sintomas
em adultos
A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas em
1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos
têm demonstrado a presença do TDAH em adultos. Passou-se muito tempo até que
ela fosse amplamente divulgada no meio médico e ainda hoje, observa-se que
este diagnóstico é apenas raramente realizado, persistindo o estereótipo
equivocado de TDAH: um transtorno acometendo meninos hiperativos que têm mau
desempenho escolar. Muitos médicos desconhecem a existência do TDAH em
adultos e quando são procurados por estes pacientes, tendem a tratá-los como
se tivessem outros problemas (de personalidade, por exemplo). Quando existe
realmente um outro problema associado (depressão, ansiedade ou drogas), o
médico só diagnostica este último e “deixa passar” o TDAH.
Atualmente acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDAH ingressarão
na vida adulta com alguns dos sintomas (tanto de desatenção quanto de
hiperatividade-impulsividade) porém em menor número do que apresentavam
quando eram crianças ou adolescentes.
Para se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos é obrigatório demonstrar que o
transtorno esteve presente desde criança. Isto pode ser difícil em algumas
situações, porque o indivíduo pode não se lembrar de sua infância e também os
pais podem ser falecidos ou estar bastante idosos para relatar ao médico. Mas
em geral o indivíduo lembra de um apelido (tal como “bicho carpinteiro”,
etc.) que denuncia os sintomas de hiperatividade-impulsividade e lembra de
ser muito “avoado”, com queixas freqüentes de
professores e pais.
Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas
atividades do dia a dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com
TDAH determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para
fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode deixar para depois. Em conseqüência disso, quem TDAH fica muito “estressado”
quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos
diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar
conta de tudo. Os indivíduos com TDAH acabam deixando trabalhos pela metade,
interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao
trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo
dele.
O portador de TDAH fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas,
principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos
outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na
faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras pessoas. A
persistência nas tarefas também pode ser difícil para o portador de TDAH, que
freqüentemente “deixa as coisas pela metade”.
Lembre-se:
é fundamental um conhecimento amplo, não apenas de TDAH
mas também de patologias associadas, tanto orgânicas quanto comportamentais,
cognitivos e emocionais, para que o diagnóstico diferencial seja feito com
precisão. A qualidade do tratamento depende diretamente da qualidade do
diagnóstico.
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